segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Cimento Portland Perus : Patrimônio paulistano

Cimento Portland Perus : Patrimônio paulistano - texto tirado do site do Departamento do Patrimônio Histórico da cidade de São Paulo

Inaugurada em 1926, a antiga fábrica localizada em Perus foi a grande fornecedora de cimento no país até 1933, e é considerada a primeira, por ter mantido a capacidade de produção e funcionamento de forma regular. Empreendimento da Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus (CBCPP) resultante de um consórcio entre a Companhia Industrial e de Estrada de Ferro Perus – Pirapora e comerciantes canadenses, sua inauguração foi realizada com muito festejo pela imprensa paulistana, que a citava como a fábrica mais moderna e completa do mundo.
Principal fornecedora da matéria na construção civil nacional, a fábrica propiciou a construção do Anhangabaú, do novo Viaduto do Chá, o túnel e viadutos da Avenida Nove de Julho, a Biblioteca Mário de Andrade etc., e a realização de importantes obras de infra-estrutura, como a canalização do rio Tietê.
Distante do centro da cidade, a CBCPP precisou atrair mão de obra e empregados qualificados, entre eles um grande número de estrangeiros, para garantir o fluxo regular de produção, tanto para as pedreiras quanto para a fábrica. Uma das estratégias foi a oferta de moradia com água, esgoto e energia elétrica a preços simbólicos. Foram então construídas as vilas operárias: Vila Triângulo, Vila Fábrica e Vila Nova, além dos alojamentos para solteiros. A fábrica foi a grande responsável pelo desenvolvimento do bairro de Perus.
Os trabalhadores da Cimento Portland Perus desencadearam um movimento grevista, em 1962, que perdurou sete anos, vindo a consolidar uma forma de organização e mobilização que ficou conhecida como "firmeza permanente" – uma luta sem violência, baseada na paciência e persistência. Esse tipo de enfrentamento deu origem ao nome atribuído aos trabalhadores - "queixadas" (porcos do mato que ao perceberem o perigo, reúnem-se em manadas, rechaçando o inimigo).
A CBCPP esteve sob intervenção da União, de 1973 a 1980, tendo sido readquirida pelo mesmo proprietário, agora participante de novo consórcio. Em 1983 as pedreiras de Cajamar foram fechadas, ocasionando paralisações na fábrica por falta de matéria-prima. Quatro anos depois, a fábrica já se encontrava praticamente paralisada.
No final da década, os trabalhadores da CBCPP, então aposentados, incorporaram às suas lutas a preservação da ferrovia e seu acervo (1987) e da Vila Triângulo (1989).
Em 1992, o inestimável valor histórico do conjunto formado pela fábrica, as vilas operárias e a ferrovia foi preservado através de tombamento pelo CONPRESP.

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